A Venezuela está nas manchetes dos jornais nos últimos dias. Protestos contrários e favoráveis ao governo Maduro são feitos nas ruas de Caracas. Opositores incentivam estudantes a protestar e recebem mandados de prisão. Maduro expulsa embaixadores americanos pela milésima vez e fala em conspiração. Traficantes brasileiros contrabandeiam papel higiênico para a Venezuela. Bem, você já deve ter lido todas essas manchetes ultimamente. Mas, se não entendeu nada, o Besteiras Bestificantes te explica!
O Chavismo (1998-2013)
Tudo isso começou mesmo quando Hugo Chávez (1954-2013) tomou o poder na Venezuela em 1998. Ele tentou dar uns golpes de estado antes, mas fracassou, e desta vez, ele assumiu o poder democraticamente. Chávez instaurou o socialismo na Venezuela, criou uma nova constituição em 1999 e centrou seu governo no combate à pobreza. Ele foi acusado de centralizar o poder, controlando a Assembleia, o Banco Central, o Supremo Tribunal de Justiça e a indústria petrolífera, colocando amiguinhos comunistas nos cargos de chefia. Seus opositores disseram que ele estava instaurando uma ditadura e perseguindo adversários. Ele sofreu uma tentativa de golpe de estado em 2002, que foi provocada por demissões na PDVSA, pelas greves, e foi apoiada pelos EUA e Espanha, mas com o fracasso, esses países passaram a condenar a tentativa de golpe. Chávez tirou o golpista Carmona do cargo e entrou de volta, disparou ataques contra os apoiadores: a emissora RCTV, a Igreja Católica e os empresários, representados pela Fedecamaras (Federación de Cámaras y Asociaciones de Comercio y Producción de Venezuela). Ele se reelegeu em 2003, sem nenhuma contestação de seus opositores e de organizações internacionais, e intensificou o que chamou de Revolução Bolivariana. Em 2007, ele organizou um plebiscito pela reforma da Constituição, cujo resultado foi a rejeição das emendas, que era a posição de seus opositores. Chávez reconheceu a derrota, mas em 2008 ele colocou uma emenda na Constituição que o permitia se reeleger infinitamente. Em seu governo, ele conseguiu reduzir a pobreza da Classe E, mas as classes baixas e média (C e D) viram seus padrões de vida caírem. Ele estreitou relações com Cuba, Bolívia, Equador, Brasil, apoiou o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, além de ter se aproximado da Rússia e Bielorrússia. Ele se opôs ao governo colombiano, principalmente com o presidente Álvaro Uribe, a Israel e aos EUA, expulsando várias vezes seus embaixadores no país.
Ele concorreu à reeleição em 2012, mas já estava muito debilitado com o câncer na região pélvica. Na época, ele e seus aliados chegaram a acusar os EUA de envenenamento radioativo. Ele venceu a eleição, mas no ano seguinte, não resistiu à doença e faleceu. O anúncio de sua morte foi dado por Nicolás Maduro, que Chávez colocou para ser seu sucessor.
No seu governo, Chávez restringiu a liberdade de imprensa, impôs um controle cambial às moedas estrangeiras em uma tentativa de frear a fuga de capitais e manter os preços da cesta básica. Incentivou a cultura, principalmente à música tradicional venezuelana, às novelas e democratizou o acesso aos livros que apoiam ideias comunistas.
DETALHE: Chávez ganhou o Prêmio Internacional Al-Gaddafi de Direitos Humanos em 2004. Esse prêmio foi instituído e financiado pelo ditador líbio Muamar Gaddafi (1942-2011), que foi deposto de seu cargo por meio da Primavera Árabe.
O governo Maduro (2013- )
Novas eleições foram convocadas e Maduro concorreu à presidência, tendo como adversário Henrique Capriles, governador do estado de Miranda. Maduro venceu, mas seu opositor demorou para reconhecer a derrota, devido à baixa diferença entre os votos. A Venezuela vive um crescente aumento na violência, uma limitação na quantidade de produtos básicos, inflação altíssima, apagões energéticos e o mercado negro, que ganha cada vez mais força com tudo isso.
Essa vai pros livros de História! |
Maduro usa a imagem de Chávez para se promover, dizendo que o presidente reencarnou num passarinho e que sua imagem apareceu a vários operários que trabalhavam na escavação de um túnel em Caracas. Ele também obrigou os empresários a baixarem seus preços e colocarem todos os produtos à venda, inclusive medicamentos, papel higiênico e comida, e antecipou o Natal pra Novembro, para tentar alavancar as vendas, mas a embaixada da Venezuela em Lisboa desmentiu, dizendo que a imprensa confundiu as "boas-vindas" à época natalícia pelo Presidente do país como uma antecipação do natal. Ele decretou o dia 8 de dezembro como dia da Lealdade e do Amor ao Comandante Supremo Hugo Cháves. Também restringiu a exibição de matérias falando sobre a violência do país, dizendo que estas deixavam o povo mais violento, além de dificultar o acesso a sites, jornais e revistas de opositores. O governo também promoveu o desarmamento da população e o reforço das polícias bolivarianas. E tudo isso junto levou os universitários venezuelanos a protestar contra o governo e seus desmandos.
Esse protesto recebeu o apoio da oposição, que incentivou os estudantes a protestarem mais, juntando-se a eles. E isso levou os chavistas a protestarem, declarando seu amor verdadeiro e incondicional ao seu eterno líder e ao seu sucessor. Esses grupos eventualmente se enfrentaram nas ruas. Maduro considerou os protestos dos estudantes como sendo fascistas e como uma tentativa de golpe de estado, mandou prender o líder opositor Leopoldo López, que está enclausurado em sua casa cercado de advogados, e o acusou de puxar seu cabelo e chamá-lo de bobo, feio, chato e cara de mamão de liderar os protestos da quarta-feira, incitar à delinquência, de intimidação pública, de danos à propriedade pública e até de homicídio doloso qualificado, e disse que os EUA estavam por trás de tudo. Os opositores condenaram a violência e o decreto da prisão de López, apoiando os universitários. Os EUA negaram o apoio aos protestos, e o Brasil até agora não se pronunciou.
Podemos virar uma ditadura comunista?
Não é de hoje que se percebe a simpatia do governo petista ao governo venezuelano. Já vimos várias vezes os presidentes Lula e Chávez juntos, e a Dilma foi à cerimônia de posse do presidente Maduro. A pouca cobertura que os jornais, principalmente a Globo, estão dando, faz com que muitos pensem que é o governo quem está por trás disso, e que os petistas querem limitar cada vez mais a liberdade de imprensa e de expressão. No Brasil, também enfrentamos protestos, mas nada comparado à Venezuela, pois o governo apoia as manifestações e o grupo violento principal é perfeitamente conhecido: Black Blocs, apoiados por organizações internacionais e setores políticos radicais do nosso país. O fato é que, se não tomarmos cuidado, pode acontecer coisa muito pior do que na Venezuela.
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