Cansado de esperar por uma vaguinha no SUS enquanto os amigos medalhões do prefeito que poderiam perfeitamente pagar por um plano de saúde passam na sua frente? Cansado dos médicos que sequer olham pra você e dizem que você está perfeitamente saudável? Cansado do mau atendimento nos hospitais, da falta de leitos, medicamentos e de pegar infecção hospitalar? Saiba que existe um homem que se cansou disso tudo, deu uma de MacGyver e se operou sozinho. Isso mesmo.
Essa história aconteceu com o paranaense Orlando Vaz. Ele, um senhor de 84 anos que reside no bairro Floresta (Cascavel-PR) sofria com intensas dores provocadas por uma hérnia. Orlando entrou com pedido para cirurgia em abril do ano passado e sua consulta estava marcada para hoje (11), mas se cansou de esperar pelo surgimento de uma vaguinha no leito do hospital, pegou um estilete e se "auto operou".
O caso virou notícia hoje mesmo através de uma CPI da saúde pública que já estava rolando na cidade. O vereador João Paulo (PSD), membro da comissão, foi na casa do idoso para ver como ele estava.Lá, o vereador ouviu de Orlando toda a sua situação, e também que após o procedimento, ele estava sentindo menos dores. Ele afirmou também que uma médica local sabia de tudo, mas não se preocupou. E quando perguntado, Orlando disse que não estava arrependido.
Outros auto-cirurgiões
Seu Orlando não é o primeiro a se auto operar. O também brasileiro Luiz Américo de Freitas Sobrinho de Jundiaí (SP) era um cirurgião plástico que cultivava esse sonho. E aos 66 anos, ele pôde realizá-lo. A cirurgia foi no ano retrasado, e o médico fez isso sob a vigilância de seus colegas. Sua cirurgia foi um sucesso, o vídeo foi postado no Youtube e o Conselho Regional de Medicina até recebeu denúncias, por supostamente fazer publicidade, mas essas denúncias não foram levadas adiante.
Leonid Rogozov (1934-2000) |
Mas o caso mais conhecido foi o do cirurgião Leonid Rogzov. Em 1960, o navio Ob deixou Leningrado em direção à
Antártida com a missão de construir uma nova base no continente gelado.
Foram 36 dias no mar e mais nove semanas de construção até que a base
ficou pronta, em 18 de fevereiro de 1961. O inverno antártico já estava
caindo quando o navio voltou à União Soviética, deixando para trás 12
residentes que ficariam no local durante um ano para estudar a região.
Entre os membros da expedição, um médico: Leonid Rogozov.
Em 29 de abril de 1961, o cirurgião de 27 anos escreveu em seu diário
que se sentia doente, com náuseas, fraqueza, mal-estar e dor
no abdome. Rogozov logo se ligou que estava com apendicite.
Evan O'Neill Kane (1861-1932) |
Os dias passavam e, fora da base, o clima só piorava. Dias viraram noites, tempestades de neve eram constantes. Era impossível um avião pousar. Pra se aliviar, o médico usava antibióticos e colocava gelo no local da dor. Sem sucesso, só havia um caminho: a cirurgia. E Rogozov era o único cirurgião no local. Ele se auto operou e sua cirurgia foi um sucesso, podendo viver pra contar a história.
O famoso retrato |
Também foi numa apendicite que o doutor Evan O'Neill Kane se auto operou. Mas ele estava procurando uma oportunidade para provar que outras substâncias menos danosas ao corpo humano deveriam ser preferidas para anestesias locais, em vez do éter. Não satisfeito, ele se operou novamente dez anos depois para tirar uma hérnia. Ele morreu alguns meses depois dessa cirurgia, de pneumonia.
Uma dor intensa na bexiga levou o ferreiro holandês Jan de Doot (Doot é um nome latinizado que significa morte, seu nome verdadeiro era Joannes Lethaeus) a se auto operar. A dor era extremamente insuportável, e após a cirurgia, pôde-se ver que a causa era uma pedra renal enorme, do tamanho de um ovo. Esse caso foi descrito pelo escritor holandês Nicolaes Tulp. E foi o tema de uma pintura do holandês Carel Van Savoyen, feita em 1665.
Jerri Nielsen (1952-2009) |
Um caso parecido com o de Rogozov ocorreu quase 40 anos depois com a americana Jerri Nielsen FitzGerald. Mas o caso da norte-americana era muito mais grave: ela teve um câncer maligno. Sua cirurgia também foi bem sucedida e mais tarde ela escreveu uma auto biografia. Ela faleceu dez anos depois, em 2009.
Ubaldino Figueira (1907-1969) |
E outro brasileiro também ficou famoso por fazer uma insanidade dessas: o médico baiano Ubaldino Gusmão Figueira era fundador e trabalhava em um hospital particular na cidade de Patos de Minas (MG). Por ser mulato, maçom e evangélico, ele não era muito querido pelos mineiros católicos conservadores da época. Então, para provar sua capacidade, ao sentir os sintomas de uma apendicite, ele resolveu se auto operar.
Enfim, tem louco pra tudo, né? Logo aparecerão médicos desestimulando a auto-cirurgia e ativistas defendendo a auto-cirurgia assistida... Ah, deu um nó na minha cabeça. Mas se auto-medicar e se auto operar não é recomendado pelos médicos. Se auto-examinar pode, mas ao descobrir algum problema, você deve procurar um médico. Infelizmente, ainda somos dependentes da medicina, e do SUS, mas sem eles, poderia ser bem pior, não acha?
Muito louco! E o pior é que esse cara nem é médico! Assim, acho que até eu vou reler meus livros de Biologia pra não passar aperto nas mãos desses médicos Made In Cuba!
ResponderExcluirEle foi o primeiro não-médico a se auto-operar, pois em todos os outros casos, os que fizeram isso eram médicos.
ResponderExcluir