quinta-feira, 29 de maio de 2014

A Copa do Mundo vem aí! Relembre todas as participações do Brasil



Essa Copa com certeza vai ser diferente das outras. Além de ser sediada no Brasil, o país do futebol, sofre com as obras atrasadas, protestos contra a sua realização e com a chacota da imprensa internacional. Mas, pro brasileiro, está tudo bem, pois temos Neymar e Fred pra marcar vários gols pra Seleção! Fora isso, ninguém pode negar que está contando os dias para a realização da Copa. E pensando nisso, o Besteiras Bestificantes elaborou uma retrospectiva beeeeeem resumida sobre as participações do Brasil no Mundial! E se prepare para ler um post bem grande, pois o Brasil participou de todas as 19 copas do mundo.

Uruguai, 1930




Mundial de estreia, composto basicamente por seleções europeias e americanas. Todos os países filiados à FIFA foram convidados para participar do evento, porém, apenas 13 equipes aceitaram o convite, sendo 4 da Europa e 9 das Américas. Naquele tempo, participar de uma Copa do Mundo não era lá muito vantajoso: as viagens eram longas, cansativas e difíceis. Os critérios de escolha do país sede também eram menos complexos: o Uruguai foi escolhido por estar às voltas com a celebração de seu centenário de independência e por ter ganhado dois títulos olímpicos.O Brasil foi uma das nove seleções americanas participantes, mas uma briga entre os cartolas cariocas e paulistas impediu que a Seleção estreasse com o pé direito. A seleção entrou em um triangular com Iugoslávia e Bolívia, onde somente o primeiro do grupo se classificaria. A Iugoslávia venceu o Brasil por 2 gols a 1, porém nossa seleção (cujo uniforme era todo branco) goleou a Bolívia por 4 a 0, sendo eliminada na primeira fase. Mas foi o jogador João Coelho Neto, o Preguinho, quem entrou pra história: ele marcou o primeiro gol do Brasil em uma Copa do Mundo na derrota de 2 X 1 para a Iugoslávia, e foi o artilheiro brasileiro na competição, marcando três gols em duas partidas. Além de Preguinho, Veloso também deixou sua marca na história das Copas, por ter sido o primeiro goleiro a defender um pênalti em mundiais: foi no jogo Brasil e Bolívia. Os donos da casa é que faturaram o título, em cima da nossa eterna rival Argentina (4 a 2).

Itália, 1934


Em entrevista a um jornal uruguaio após a Copa, o presidente da FIFA, Jules Rimet, disse que o mundial seguinte seria realizado somente em 1938 e que o Uruguai seria campeão do mundo por oito anos. Mas pelo visto, ele mudou de ideia, pois em 1934 teve copa do mundo. Essa foi a primeira na qual os países tiveram que se classificar na disputa das Eliminatórias para poder participar, e dessa vez, a maioria esmagadora das nações era do continente Europeu. Esse e o de 1938 foi marcado por interferências políticas. O motivo: Benito Mussolini (1883-1945), ditador fascista da Itália, que planejou transformar o evento numa espécie de propaganda pró-regime. Ele deu um jeito de manipular a escolha dos juízes e os resultados dos jogos. Essa artimanha deu certo, pois a Itália foi campeã. O Uruguai, dono do título, boicotou a edição porque os europeus ignoraram a copa passada. Outra coisa estranha que ocorreu foi a saída misteriosa da Suécia na disputa para ser país sede. As picuinhas entre os cartolas paulistas e cariocas ainda não tinham terminado, e o Brasil pagou mico outra vez: perdeu por 3 a 1 para a a Espanha na primeira partida e foi eliminado, pois o esquema de competição era mata-mata.

França, 1938




Nesse Mundial, as coisas ficaram ainda mais tensas, pois a Segunda Guerra Mundial estava às portas. Foi a primeira a ser transmitida para vários países por rádio, embora enfrentasse algumas falhas técnicas. A Espanha era favorita, mas não participou por causa da Guerra Civil. A Áustria foi anexada pela Alemanha no meio do Mundial, fazendo com que a Suécia vencesse o jogo pelas oitavas de final por W.O., o primeiro e único da história das copas. E o Brasil finalmente conseguiu superar a rixa dos cartolas e mandou uma seleção decente para aquele mundial. O nome mais conhecido, sem dúvidas, era o de Leônidas da Silva, o Diamante Negro, que marcou um gol descalço na vitória da Seleção contra a Polônia por 6 a 5. Esse jogo foi o primeiro que a seleção brasileira jogou de uniforme azul, pois os poloneses também usavam branco e as camisas azuis eram usadas nos treinos. O empate contra a Tchecoeslováquia foi o mais violento, com direito até a jogadores quebrando o braço (goleiro tcheco František Plánička) e indo para o hospital (artilheiro tcheco Oldřich Nejedlý, acompanhando o goleiro). Apesar disso, o jogo desempate foi bem calminho, e o Brasil, é claro, ganhou por 2 a 1. O Brasil foi eliminado pela Itália por 2 a 1, e o jornal italiano "La Gazzetta dello Sport" comemorou escrevendo: "Saudamos o triunfo da inteligência branca italiana sobre a força bruta dos negros". A Itália foi campeã naquele ano, mas foi o nosso Diamante Negro que foi o artilheiro da competição, com 7 gols.

Brasil, 1950



World-cup-poster-brazil-1950.jpgEsse mundial é de triste lembrança por causa do Maracanazzo: o Uruguai se sagrou bicampeão contra o Brasil por 2 a 1 em pleno Maracanã lotado. Mas vamos relembrar como tudo isso começou. O Brasil sediaria o próximo Mundial, e a Seleção era a favorita a ganhá-lo. Mas aí, teve a guerra e não teve nenhum Mundial na década de 40. Nosso país foi escolhido por unanimidade, pois a Europa estava arrasada por causa da guerra, e os estádios ficaram prontos a tempo, mas as obras de infraestrutura (que não eram exigidas pela Fifa) não, causando alguns transtornos. Este mundial seria em 1947, mas foi adiado várias vezes. Muitos estádios conhecidos, como o Pacaembu, Independência e Maracanã, foram construídos para esse mundial, sendo que o último figurou por muito tempo como o maior estádio do mundo. Muitas seleções excelentes na época e tradicionais não participaram: Itália, Áustria e Alemanha, que estava dividida e não podia participar. As seleções da Turquia, Índia, Escócia, Portugal e França desistiram, sendo que esta última o fez por causa da distância de 3000 quilômetros que teria que percorrer. O Brasil tinha vencido, com folga, seus jogos contra a Suécia (7-1) e contra a Espanha (6-1). Marcou 4 pontos, e era o líder do grupo; seguido pelo Uruguai, que apenas empatara com a Espanha (2-2) e conseguira uma vitória magra sobre a Suécia (3-2). O Uruguai tinha, então, 3 pontos antes da rodada decisiva. Com um empate, o Brasil seria campeão, e no jogo final quase conseguiu, com o gol de Friaça. Mas Schiaffino empatou e Ghiggia virou, para a tristeza de toda a nação que já estava cantando vitória. E tentou bolar desculpas esfarrapadas para justificar a derrota: culparam a troca do local de concentração na véspera da final, culparam o uniforme branco, alegando que este deu azar para a seleção, e culparam também o técnico Flávio Costa pelas 2 horas de missa na manhã do jogo impostas pelo treinador aos jogadores, que rezaram de pé.


Suíça, 1954


Esta copa do mundo foi sediada na Suíça em comemoração aos 50 anos da Fifa, cuja sede também era lá. Esta edição foi a que teve a maior média de gols de todas as copas, com 140 gols em 26 partidas, uma média de 5,38 gols por partida, por causa das muitas goleadas nos jogos. O Brasil tentava se recuperar do trauma de 1950, e para isso inaugurou o novo uniforme que consagrou a nossa seleção: camisa amarela, calções azuis, o que rendeu o apelido "seleção canarinho", dado pelo radialista Geraldo José de Almeida, mas estava em um período de entressafra, e a desorganização era tão grande, que os jogadores mal sabiam o regulamento da competição. O Brasil conseguiu se classificar, vencendo o México e empatando com a Iugoslávia, mas nas quartas-de-final perdeu por 4 a 2 para a poderosa Hungria de Kocsis e Puskás, sensação daquela Copa, sendo eliminada. A Hungria foi pra final, mas foi derrotada pela Alemanha Ocidental por 3 a 2, jogo que ficou conhecido como "O Milagre de Berna".

Suécia, 1958




A primeira Copa vencida pelo Brasil contou com diversas ausências: a Hungria, sensação da Copa anterior, perdeu muitos jogadores importantes por causa da Revolução Húngara de 1956. A Inglaterra também perdeu muitos bons jogadores num desastre aéreo em Munique. O Brasil, que contava com Didi, Gilmar, Zagallo, Garrincha e o jovem Pelé, caiu num grupo difícil: Inglaterra, União Soviética (que tinha ganhado as Olimpíadas anteriores) e Áustria, mas superou esses adversários. Enfrentou a forte defesa do País de Gales, ganhando com dificuldades, e goleou a França por 5 a 2. Na final, enfrentou os donos da casa, que também jogavam de amarelo e o Brasil teve que arrumar um segundo uniforme em cima da hora. A Suécia emprestou seu uniforme de treino, camisas azuis e calções brancos, e os jogadores costuraram os escudos da CBD um dia antes da final, nascendo assim o uniforme reserva da Seleção. No jogo, os suecos marcaram primeiro, mas a Seleção não se deixou abater e virou, faturando o seu primeiro título mundial, e taça foi erguida pelo capitão Bellini, gesto que nunca tinha sido feito até então e que é repetido até hoje.


Chile, 1962


Por ter ganhado a edição anterior, o Brasil nem precisou passar pelas Eliminatórias. Pelé estava jogando cada vez melhor, mas se contundiu e não pode continuar no mundial. Assim, essa Copa serviu para consagrar Garrincha, que foi o nome daquele mundial. Além dele, os jogadores Nilton Santos, Zagallo e Vavá foram grandes destaques. O Brasil se classificou em 1º do grupo. Eliminou a Inglaterra nas quarta-de-final e o Chile na semifinal. Mas Mané quase fica de fora da final: ele não aguentou as botinadas do zagueiro chileno Eladio Rojas e revidou, dando um pequeno tostão nas nádegas do adversário. O bandeirinha uruguaio Esteban Marino viu tudo e dedurou ao juiz peruano Arturo Yamazaki, que expulsou o brasileiro. Embora não estivesse prevista a suspensão automática, os membros da comissão disciplinar da Fifa iriam se reunir no dia seguinte para julgar o caso, com base no relatório do árbitro, mas rapidamente os brasileiros e, principalmente, João Havelange, então presidente da Confederação Brasileira dos Desportos (CBD), começaram a tramar para que Garrincha jogasse a final da Copa. Alguns dizem que antes da reunião que decidiria a questão disciplinar, eles mandaram para o Chile uma valise cheia de dinheiro. O presidente do Peru, Manuel Prado y Ugarteche, atendeu os pedidos e pediu ao árbitro peruano que não acusasse Garrincha na súmula. O bandeirinha Esteban Marino, por sua vez, tomou um chá de sumiço. Resultado: Yamazaki escreveu na súmula que não vira a agressão de Garrincha, e o craque foi liberado para jogar. Na final, o Brasil venceu a Tchecoslováquia por 3 a 1, sendo bicampeão.

Inglaterra, 1966


O Brasil vinha embalado com dois títulos mundiais seguidos, mas naquele ano, tudo deu errado: o time, desorganizado e confuso, contava com 40 jogadores convocados! A Seleção foi eliminada logo na primeira fase, ao perder de 3 a 1 para Portugal, num jogo bem violento e cheio de faltas, na qual Pelé foi a maior vítima. A Inglaterra foi a campeã, e segundo os conspiracionalistas de plantão, foi a partir dessa copa que os europeus combinaram que nenhum latino americano ganharia uma copa do mundo em solo europeu. Essa teoria foi reforçada pelas eliminações das outras seleções latinas restantes e pela final ter sido disputada apenas por europeus. Foi a primeira copa a ter um mascote.

México, 1970

Mas a Seleção Canarinho superou em grande estilo o fiasco da copa passada. Com uma campanha memorável e lembrada até hoje, a equipe de Zagallo se organizou como nunca (em pouco tempo, pois brasileiro deixa tudo pra cima da hora) e foi eliminando os adversários em jogos que até hoje são lembrados, como o contra a Inglaterra (1 a 0), que muitos consideraram uma final antecipada, com atuações impecáveis de Tostão, Jair, Pelé e do goleiro inglês Gordon Banks (que defendeu uma cabeçada indefensável de Pelé). Mas a final mesmo foi contra a Itália, que foi derrotada numa goleada: 4 a 1, com a seleção conquistando de vez a Taça Jules Rimet (que foi roubada uns dez anos depois) e se consagrando como a melhor seleção do mundo, com Pelé conquistando o título de Rei do Futebol. A equipe é até hoje considerada uma das melhores - senão a melhor - da história, com Carlos Alberto, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo, Everaldo, Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivellino.

Alemanha Ocidental, 1974


Estávamos cheios de moral, mas nem tudo era como a copa passada: não tínhamos mais Pelé. Apesar disso, a Seleção se esforçou, perdeu a semi-final para a sensação daquela copa: a Holanda, chamada naquela época de Laranja Mecânica devido ao seu uniforme laranja e ficando em quarto lugar ao perder para a Polônia. E a Holanda? Foi derrotada na final contra a Alemanha Ocidental, ficando com o vice-campeonato.

Argentina, 1978


Essa foi outra copa do mundo cheia de suspeitas quanto aos resultados dos jogos. O Brasil foi mal no começo, mas depois melhorou e terminou muito bem, de forma invicta, mas tinha uma Argentina no meio do caminho. Para se classificar para a final, os hermanos precisaram de uma goleada em cima do Peru, que estava em primeiro no grupo. E foi exatamente o que eles conseguiram: venceram por 6 a 0. As suspeitas eram de que o resultado foi manipulado pela ditadura militar argentina para que a Seleção deles ganhasse e que a população ficasse em êxtase com a vitória, e assim aceitasse melhor o regime, parecido com o que a Itália fascista fez nos anos 30. E pelo visto, deu tudo certo. Os argentinos ganharam o seu primeiro título mundial, o Brasil ficou em terceiro lugar, e na volta pra casa, a torcida sofreu com as agressões, humilhações e hostilidades dos argentinos. Comentando o resultado, o técnico Cláudio Coutinho disse categoricamente que o Brasil foi o campeão moral daquela Copa, frase que entrou para a história do futebol brasileiro, virou motivo de chacota argentina e só acirrou ainda mais a rivalidade futebolística entre os dois países.

Espanha, 1982

Essa Seleção era (e é até hoje) considerada a melhor daquela época e uma das melhores que o Brasil já teve. Contava com nomes como Zico, Sócrates, Falcão, Júnior e era comandada por Telê Santana. O time vinha embalado ganhando os jogos e confirmando seu favoritismo, mas no jogo contra a Itália sofreu uma inesquecível virada: o Brasil ganhava de 2 a 0 quando Paolo Rossi fez três gols, eliminou o Brasil e consagrou aquele dia como a Tragédia de Sarriá. A Itália venceu aquele mundial, conquistando o seu tricampeonato.

México, 1986


Esta foi outra copa em que tudo deu errado. Muitos jogadores se lesionaram, Cerezo foi cortado, Zico e Falcão se lesionaram e Júnior e Sócrates não puderam jogar tão bem quanto em 1982. Renato Gaúcho foi cortado por indisciplina e Leandro saiu junto, em solidariedade. Apesar disso, ainda havia a esperança de que a Seleção repetisse a campanha maravilhosa de 1970, e começou os dois primeiros jogos com vitórias sofridas: contra a Espanha, que estava jogando surpreendentemente bem naquela época, e com uma ajudinha do juiz que não viu que o atacante brasileiro Carlos retirou uma bola de dentro do gol. O segundo contra a Argélia que diferente da copa anterior, não surpreendeu ninguém, o jogo poderia e deveria ter sido facil, mas não foi. Nos outros dois, contra a Irlanda e depois contra a Polonia, o Brasil mostrou sua superioridade no futebol mundial. Mas acabou eliminada nas quartas-de-final pela França de Platini nos pênaltis (um deles perdido por Zico). O técnico Telê Santana ganhou de vez a fama de pé frio e a Argentina de Maradona ganhou o bicampeonato.

Itália, 1990


Naquele ano, o Brasil estava empolgado. Tinha acabado com um jejum de 40 anos sem ganhar uma Copa América e todos esperavam que isso fosse se repetir na copa, mas não foi o que aconteceu. O técnico Seastião Lazaroni adotou uma postura defensiva para o time, com o esquema 3-5-2 gerando críticas quanto à qualidade do futebol. As vitórias da primeira fase foram magras, mas o clima nos bastidores não estava bom: Romário tinha se lesionado e o grupo estava dividido por intrigas e picuinhas. Tudo isso ficou ainda pior com a eliminação contra a nossa eterna rival Argentina, com o destaque para o Boa-noite Cinderela que o jogador Branco teria sofrido ao tomar uma água batizada. O Brasil estava desmoralizado no futebol, que era a paixão nacional, e a Seleção perdia sua popularidade, enfrentando críticas pesadas de todos os lados, chamando esse período de Era Dunga. Porém, a Argentina não se deu tão bem depois de eliminar o Brasil. Foi derrotada pela Alemanha, que ainda era Ocidental pois as Seleções só foram unificadas depois da copa do mundo, e ficou com o tricampeonato.

Estados Unidos, 1994

Tamanha desmoralização fez com que o Brasil chegasse à Copa de 1994 sem o tradicional favoritismo. O próprio Pelé, comentarista da Globo naquela Copa, acreditava que a Colômbia seria campeã naquele ano. Mas não foi. O time só foi definido no último jogo das eliminatórias, quando o técnico Parreira convocou Romário, o maior nome daquela copa. A Seleção foi vencendo os jogos, entre eles o que eliminou os donos da casa em pleno 4 de julho (Dia da Independência dos EUA), e ganhando a confiança de uma torcida já acostumada às decepções com o futebol, mas foi na final contra a Itália que o Brasil derrubou o tabu de 24 anos sem títulos mundiais. O jogo foi difícil, com o agravante de ter sido disputado no começo da tarde, com o sol a pino. Tudo isso fez com que a decisão fosse para os pênaltis, pela primeira vez na história das copas. Os dois times perderam pênaltis, mas o Brasil conquistou uma vantagem. Mas se o italiano Roberto Baggio errasse, a Seleção era campeã. Isso era considerado difícil naquela época, já que Baggio era o melhor do mundo e estava no auge. Os italianos ainda tinham esperanças, e Bebeto, que era o próximo, já se preparava para bater. Mas ele não precisou. Baggio chutou por cima e o tetracampeonato enfim veio, com Dunga espantando o fantasma da copa passada ao erguer a taça. Além dele e de Romário, muitos jogadores marcaram época: o goleiro Taffarel, Bebeto, Branco e a estreia do jovem Ronaldo, que foi reserva.

França, 1998

Com o tetracampeonato, o Brasil tinha se consagrado como o país do futebol. Além disso, tinha vencido a Copa das Confederações do ano anterior e tinha os melhores jogadores do mundo: Romário e Ronaldo, sendo que este último era o atual dono do título de melhor jogador, mas o Baixinho foi cortado. O Brasil foi vencendo os jogos, confirmando seu favoritismo, e a semi-final, contra a talentosa Holanda, foi tão complicada que foi considerada como a final antecipada, só decidida nos pênaltis. Antes fosse. A final, contra a França, é até hoje motivo de controvérsias. Ronaldo estava esquisitíssimo, alguns disseram que ele teve convulsões antes do jogo, outros que ele estava cansado e estressado, já alguns sustentam a tese de que aquele jogo foi comprado, principalmente se lembrarmos de que todo o time jogou mal. A França conquistou seu primeiro título por 3 a 0 e Zidane foi um dos carrascos naquele ano.

Coreia do Sul e Japão, 2002

O futebol brasileiro estava em crise. As irregularidades no Brasileirão só reduziam a credibilidade da CBF, além disso, a Seleção estava mal e corria o risco de ficar pela primeira vez de fora de uma Copa do Mundo. Além de ter perdido a Copa das Confederações, a Seleção perdeu a final da Copa América contra a fraquíssima e pouco tradicional Honduras. Todos esses fiascos faziam com que houvesse um rodízio entre os técnicos. Até que assumiu Luiz Felipe Scolari, o Felipão, famoso por sua seriedade e pulso firme. Ele deu um tranco na Seleção, impondo um futebol pragmático que buscava apenas o resultado, matando o jogo após fazer o gol. A convocação foi uma das mais tumultuadas, pois o povo (e até o presidente da época, Fernando Henrique Cardoso) clamava por Romário, mas ele não foi convocado por Felipão. Porém, o técnico deu uma chance para Ronaldo, que estava se recuperando de uma grave lesão e tinha ficado muito tempo sem jogar (alguns acreditavam que ele nem fosse mais jogar). Além disso, antes da Copa, o zagueiro Emerson se machucou e foi cortado. O Fenômeno, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho levaram a Seleção para o penta com 100% de aproveitamento, derrotando na final a melhor seleção daquela copa, a Alemanha, com dois gols de Ronaldo.

Alemanha, 2006


A seleção pentacampeã era novamente a favorita, e era bastante temida pelas adversárias por causa do Quadrado Mágico: Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Adriano. Todavia, diferente de 2002, quando a seriedade e a compenetração imperavam, a equipe de 2006 preocupava muitos brasileiros: poucos treinos, farras na concentração, declarações arrogantes dos jogadores, mas a maioria se mostrava otimista de que na Copa eles dariam tudo de si e trariam o hexa. Até que a Copa veio, mas a Seleção ficou (em sentido figurado). O Brasil jogava mal, de maneira apática, e o mau condicionamento físico de Ronaldo chamava a atenção. Apesar de tudo, a Seleção se classificou (enfrentando equipe fracas, mas se classificou). Até que veio o primeiro adversário realmente complicado: a França, que tinha o jovem Thierry Henry e Zidane, que tinha se aposentado do futebol, mas depois disse ter recebido um chamado divino e voltou. O Brasil jogou muito mal e a França rapidamente se impôs, com Henry marcando o gol do jogo numa cobrança de falta. O Brasil foi eliminado, Zidane foi novamente o carrasco e muitos culparam o lateral Roberto Carlos, pois ele estava ajeitando a meia em vez de marcar Henry. O brasileiro alegou que não foi orientado a fazer a marcação pelo técnico. Mas a França sofreu uma grave decepção nesta Copa. Na final contra a Itália, Zidane foi expulso após dar uma cabeçada no jogador italiano Materazzi, que teria ofendido sua irmã. A Itália conquistou o seu tetracampeonato nos pênaltis após 24 anos de jejum. Notou alguma coincidência?

África do Sul, 2010

Como sempre, a Seleção era favorita: mesmo tendo sido eliminada da outra Copa, a equipe, agora comandada por Dunga, ganhou quase tudo o que disputou: Copa América, Copa das Confederações, e ficou em 1º nas Eliminatórias. Apesar disso, ainda havia uma desconfiança quanto ao técnico e ao time, que não tinha enfrentado muitas seleções tradicionais de nível técnico maior, e Dunga entrava muitas vezes em atritos com a imprensa, chegando uma vez a xingar um repórter global. Na convocação, o povo pedia por Neymar e Ganso, que brilharam junto com Robinho no Campeonato Paulista daquele ano e eram muito elogiados por seu talento. Apesar dos clamores, Dunga não convocou Neymar e só chamou Ganso para ser um dos sete reservas a serem usados em caso de corte de jogadores. Na copa em que a bola Jabulani ganhou mais holofotes que os jogadores, o Brasil foi vencendo os jogos da primeira fase (contra as seleções mais fracas) e empatou em 0 a 0 com Portugal de Cristiano Ronaldo. Nas Oitavas, derrotou o Chile e estava confiante contra a Holanda. O primeiro tempo foi promissor: 1 a 0, gol de com a perfeita assistência de Felipe Melo. Mas o segundo tempo foi catastrófico: Felipe Melo foi expulso após chutar e pisar na cabeça de um jogador holandês e os holandeses viraram: 2 a 1, gols de Sneijder. A Seleção foi eliminada e a imprensa (principalmente a Globo) prontamente arranjou um culpado: Dunga, chamando essa outra etapa da Seleção de Segunda Era Dunga. E mais uma vez, um time que eliminou o Brasil perdeu a final: dessa vez, a vitoriosa foi a Espanha, que ganhou o seu primeiro Mundial com apenas um gol.

Brasil, 2014


Será que dessa vez o hexa vem? O caminho foi meio pedregoso: Mano Menezes foi o técnico inicial, e a Seleção não disputou Eliminatórias, pois o país sede está automaticamente classificado para a Copa do Mundo. Resultado: a equipe teve poucos jogos para Mano testar os jogadores. A Copa América foi um desastre: o Brasil foi eliminado pelo Paraguai nos pênaltis, sem conseguir converter nenhum. Apesar disso, Ricardo Teixeira insistia em manter Mano como técnico. Porém a gota d'água foi as Olimpíadas de 2012. O time, como geralmente ocorre, seria treinado pelo técnico do sub-20, que era Ney Franco. Mas Mano insistiu pra comandar o Brasil na disputa pela medalha de ouro no futebol, pois precisava formar um bom time para a copa e aquela era uma boa oportunidade. Ele ficou com o cargo, mas perdeu a final para o México, com o time não conseguindo se impor para virar o jogo, ficando com a prata. Resultado: Mano foi demitido e em seu lugar colocaram novamente Felipão (o técnico do penta) e Parreira (o técnico do tetra) para juntos comandarem o time. Os dois enfrentaram alguma desconfiança no começo, mas foi com a Copa das Confederações que eles se consolidaram, vencendo todos os jogos contra equipes razoáveis e derrotando a fabulosa Espanha por 3 a 0. Tudo isso com vários protestos contra os gastos excessivos para as obras da Copa ocorrendo pelo Brasil todo. Os protestos também invadiram o campo, com torcedores cantando o hino nacional de costas com uma garra nunca antes vista que comoveu até os jogadores.

Aliás, as obras para a Copa são um capítulo à parte. A maioria dos estádios ficou pronta em cima da hora: seis deles ficaram prontos no ano passado, pois eram para a Copa das Confederações, e os últimos só ficaram prontos agora: a Arena da Baixada e o Itaquerão, que falta apenas alguns toques finais. Muitas obras de infraestrutura não só não ficaram prontas como não vão ficar, com destaque para o Metrô de Salvador, o menor do país, que está sendo construído desde 2000 e até agora nada de terminar. O orçamento foi o mais caro de todas as copas, passando da casa dos bilhões. Tudo isso fez com que o comitê organizador fizesse várias críticas ao governo e à Copa no Brasil, com destaque para Romário, ex-jogador e atualmente deputado que faz críticas pesadas à organização; e para Ronaldo, que disse que a Copa do Mundo não precisa de hospitais, e sim de estádios, e tratou logo de tirar sua responsabilidade, culpou Dilma por tudo o que deu errado e declarou apoio a Aécio Neves. Os protestos quase fizeram a Fifa cancelar o evento por aqui, mas eles ficaram menos frequentes e intensos, além de perderem a grande adesão popular e o apartidarismo presentes nos do ano passado, dando lugar aos esquerdistas radicais do PSOL, aos anarquistas e aos Black Blocs, que destroem tudo o que veem pela frente.

Mas não são só eles quem protestam: nesse ano, muitos setores resolveram entrar em greve. A explicação é que além da Copa, 2014 é ano eleitoral e os políticos se esforçam mais para conseguir votos. Os rodoviários e as polícias civis e militares já entraram e saíram da greve várias vezes em vários estados, e o que chama a atenção é que muitas delas são organizadas por setores dissidentes dos sindicatos, que forçam os outros motoristas a aderir à greve e os agridem se eles não o fazem, tomam as chaves dos ônibus e os queimam. Isso faz com que muitos pensem que são políticos oposicionistas quem comandam essas greves, outros vão além: dizem que no caso dos rodoviários, são as próprias empresas donas dos ônibus que convencem esses funcionários a organizar essas greves para ter justificativas para retirar direitos dados aos trabalhadores.

Ou seja, essa Copa está saindo como presente de grego para o PT, que esperava conseguir a reeleição de Dilma mais facilmente, mas agora enfrenta uma grave crise de popularidade. Pela primeira vez vemos pessoas do país sede contra a realização de uma copa do mundo em seu país, e isso não é bom. Mas a ansiedade pela Copa é inegável, e a Seleção Brasileira tem um time considerado um dos melhores do mundo, apesar de enfrentar alguns problemas com o ataque, e conseguiu reconquistar a confiança do brasileiro, que está otimista com relação à equipe para essa copa.

E você, fique ligado, pois este é só o primeiro dos posts especiais sobre a Copa do Mundo. Logo voltaremos com mais curiosidades sobre a competição mais importante do ano.