sexta-feira, 28 de novembro de 2014

"Chatô" faz com que Guilherme Fontes pague indenização milionária


Você acha que sua vida não está fácil? Imagine se você fosse o Guilherme Fontes! O Mário de "Boogie Oogie" terá que pagar uma gorda indenização por conta de um suposto desvio de verbas que ele fez durante a produção do filme "Chatô - o Rei do Brasil", filmado há quase 20 anos e que nunca foi lançado. Saiba tudo sobre esse caso com o Besteiras Bestificantes!

Relembrando o caso


Guilherme Fontes tinha acabado de sair do papel de maior sucesso de sua carreira: o vilão Alexandre de "A Viagem" (1994). Estava lindo, jovem, saudável e cheio da grana. Então, teve a brilhante ideia de realizar um sonho antigo: lançar-se como diretor e produtor de um filme.

Para o seu longa de estreia, Gui decidiu contar a história do primeiro magnata da TV brasileira: Assis Chateaubriand (1892 - 1968), com base no livro de Fernando Morais. Chamou atores renomados, como Andréa Beltrão, Paulo Betti, Eliane Giardini, Gabriel Braga Nunes, Leandra Leal e Marco Ricca para fazer o filme, sendo que Marco é quem dá vida ao Chatô. A produção começou em 1995, com Fontes se associando à Yolanda Machado Medina Coeli para criar a produtora "Guilherme Fontes Filme" e iniciar a captação das verbas por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rounet) e da Lei do Audiovisual.

Tudo estava indo bem, mas em 1999, surgiram os problemas: o filme começou a atrasar, e parecia que não iria ficar pronto, pois as filmagens eram poucas. No ano seguinte, as acusações de desvio de recursos começaram a surgir, e o filme teve que ser interrompido. Até ali, Guilherme já tinha captado cerca de R$ 8,6 milhões. Em 2002 a produtora tentou prorrogar o prazo para captação de recursos do filme até início do ano de 2005, mas a Agência Nacional de Cinema (Ancine) negou, já que a empresa queria repassar a responsabilidade da execução do projeto para outra produtora.

O TCU o liberou para buscar mais R$ 3,3 milhões, e parte desse dinheiro foi conseguida com a Petrobrás no ano passado. Fontes e Coeli também foram condenados, em 2002, a pagar multa de 100 mil reais por omissão e deficiência na prestação de informações ao mercado de capitais durante captação de recursos para realização dos filmes Chatô - O Rei do Brasil, Bellini e a Esfinge e o documentário de tevê 500 anos de História do Brasil.

Em 2008 ele foi condenado pela 31ª Vara Cível do Rio de Janeiro a devolver R$ 2,5 milhões, mais correção e juros, à Petrobras, uma das patrocinadoras do filme.

Já em 2010, o ator foi condenado pela 19ª Vara Criminal do Rio de Janeiro a três anos de prisão, convertidos em doação de cestas básicas e serviço comunitário. Em todos os casos, Guilherme Fontes vem recorrendo na Justiça contra as decisões. No mesmo ano, ele enviou em 2010 uma cópia em DVD do filme para a Agência Nacional de Cinema (Ancine) e todo ano ele diz que irá lançá-lo: "Vou estrear este ano. E vai ser uma coisa muito louca. As pessoas vão se surpreender. Está quase, está quase". Deve ser uma promessa que Guilherme faz todo fim de ano e que ele nunca cumpre, pois neste ano, ele disse a mesma coisa, mas até agora, nada.

Sobre as acusações de calote, Guilherme faz o mesmo que os políticos metidos na Petrobras: Nega.
"Eu durmo tranquilo porque nunca desviei um real. Essas duas condenações são uma piada. O que captei de fato foram R$ 12 milhões. Recebi R$ 8,6 milhões, que investi integralmente no projeto. O Brasil é fake! É uma história complicada.". E diz ser vítima de uma conspiração de grandes nomes do cinema nacional contra ele: "Os nomes são terríveis, envolvem pessoas famosas e respeitadas. Não há condições de citá-los. Tenho na cabeça uma peça de teatro com o título: 'Esse otário sou eu'. É assim como eu me sinto (...) Não tive canal para contar. E o que eu contei ninguém acreditou! O fato é que uma mentira repetida vira verdade".

Ainda sobre o filme, Guilherme diz estar praticamente pronto: "Filmei em 1999, 2002 e 2004. Nunca houve uma filmagem cancelada, nada que denotasse falta de profissionalismo. Ele está com 1 hora e 53 minutos. Acabou". Ele disse ter filmado cerca de 80% em 3 anos e o restante 14 anos depois. Maaaas... sempre falta alguma coisinha, né? "Está faltando um dinheirinho para fazer a trilha sonora e a computação gráfica". Em seu último comunicado, Guilherme permanece otimista: "(...) antes do Natal iniciaremos o lançamento do filme. A partir de dezembro inicio o primeiro dos 10 previews oficiais que faremos em todo o Brasil. O filme mais falado e aguardado de todos os tempos, contra tudo e contra todos, vai acontecer. E desculpe estou muito feliz com isso. Este é o segundo processo sobre o mesmo assunto. Já ganhei o primeiro e cedo ou tarde ganharei este também. Insistir que o filme não existe é de uma maluquice sem tamanho". 

Mas, a última decisão, que o condenou a pagar a mísera quantia de R$ 82.300.000,00 não tem mais recurso, e o máximo que Guilherme conseguirá é um embargo de declaração (que não julga o mérito do processo, mas questiona a redação da decisão do tribunal em casos de “obscuridade, omissão ou contradição”), ou pode entrar com uma ação na Justiça para tentar suspender a decisão.

Afinal, sobre o quê seria o filme?


O filme conta(ria) a vida do magnata Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello. Nascido em Umbuzeiro (PB), em 4 de outubro de 1892, foi batizado como Francisco de Assis em homenagem ao santo.  O nome "Chateaubriand" tem origem na admiração do pai Francisco José pelo poeta e pensador francês François-René de Chateaubriand, a ponto de comprar uma escola em meados do século XIX, na região de São João do Cariri, dando-lhe o nome do pensador francês. Logo, Francisco José passou a ser conhecido na região como "seu José do Chateaubriand", que, por corruptela, derivou para "José Chateaubriand". O nome ficou tão vinculado a Francisco José que ele batizou seus filhos com o sobrenome francês, incluindo o jovem Francisco de Assis. Formado pela Faculdade de Direito do Recife, começou no jornalismo com apenas quinze anos, na Gazeta do Norte, escrevendo para o Jornal Pequeno e para o veterano Diário de Pernambuco. Em 1917, já no Rio de Janeiro, colaborou para o Correio da Manhã, em cujas páginas publicaria impressões da viagem à Europa que realizou em 1920. Em 1924, assumiu a direção d'O Jornal – denominado "órgão líder dos Diários Associados" – e, no mesmo ano, consegue comprá-lo graças a recursos financeiros fornecidos por alguns "barões do café", e começou a se destacar.

Suas amizades influentes o ajudaram a constituir um império jornalístico, ao qual foi agregando importantes jornais, como o Diário de Pernambuco, o jornal diário mais antigo da América Latina, e o Jornal do Comércio, o mais antigo do Rio de Janeiro. No ano seguinte, Chatô arrebatou o Diário da Noite, de São Paulo. À altura, já possuía os jornais líderes de mercado das principais capitais brasileiras.

Chateaubriand casou-se uma vez apenas, com Maria Henriqueta Barrozo do Amaral, filha do juiz Zózimo Barrozo do Amaral. Teve três filhos: Fernando, Gilberto e Teresa. Em 1934, se desquitou da esposa e unindo-se a uma jovem de nome Corita, com quem teve uma filha, Teresa, que decidida a deixar Chatô, levou a filha com ela. Chatô consegue sequestrar a própria filha, assumindo a paternidade e, com o apoio de Getúlio Vargas, obtém o pátrio poder. Nesse episódio, profere uma frase célebre: "Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei". 

Até que em 1950, entra pra sempre na história do Brasil ao fundar a primeira emissora de TV do Brasil: a TV Tupi. Em 1952, é eleito senador pela Paraíba e, em 1955, pelo Maranhão, em duas eleições escandalosamente fraudulentas. Ele também era imortal da Academia Brasileira de Letras: Foi o quarto ocupante da cadeira 37, eleito em 30 de dezembro de 1954, na sucessão de Getúlio Vargas, recebido pelo acadêmico Aníbal Freire da Fonseca em 27 de agosto de 1955. 

Mas com o tempo, as dívidas foram aumentando e a saúde foi diminuindo. Morreu em 4 de abril de 1968, em São Paulo, depois de sequelas de uma trombose que ele sofreu 8 anos antes a que ele resistiu bravamente, continuando, mesmo paraplégico e impossibilitado de falar, a escrever seus artigos.

Curiosidades sobre o filme

Guilherme Fontes posando para a revista Status

Na época em que "Chatô" começou a ser produzido, em 1995, Guilherme Fontes tinha 28 anos, Marco Ricca (o protagonista) tinha 33, Andreia Beltrão tinha 32, Eliane Giardini e  Paulo Betti tinham 43, Gabriel Braga Nunes tinha 23 e Leandra Leal tinha apenas 12 aninhos. Hoje, Guilherme está com 47, Marco tem 52, Andréa tem 51, Gabriel tem 42, Eliane e Paulo têm 62 e Leandra tem 31 aninhos. Aliás, Guilherme e Marco tinham muito mais cabelo naquele tempo...


De lá pra cá, Guilherme já fez 8 novelas ("O Fim do Mundo" e "O Rei do Gado" em 1996, "Estrela-Guia" em 2001, "Bang Bang" em 2005, "Beleza Pura" em 2007, "Cordel Encantado" em 2011, "Além do Horizonte" em 2013 e atualmente, "Boogie Oogie"), 2 participações em Malhação (1995 e 2007), 6 participações em séries ("A Vida Como Ela É" em 1997, "Casos e Acasos" em 2008, "Tudo Novo de Novo" em 2009, "S.O.S. Emergência" e "As Cariocas"em 2010, e "As Brasileiras" em 2012) e 1 filme ("O Primo Basílio", 2007).

Paulo Betti e Eliane Giardini eram casados quando o filme começou a ser rodado. Eles se separaram em 1997. Outro que era casado era o protagonista Marco Ricca, com a atriz Adriana Carminha Esteves. Eles se casaram em 1993 e se divorciaram 10 anos depois.

De 1995 pra cá, já tivemos 3 Presidentes da República, 5 Olimpíadas, 5 Copas do Mundo (com o Brasil vencendo 1 e sediando outra), a Manchete faliu, o Palmeiras foi rebaixado 2 vezes, o Santa Cruz foi rebaixado para a Série D, o Bahia e o Vitória já foram para a Série C e já voltaram à elite e o Corinthians finalmente ganhou sua Libertadores!

Uma das obras mais atrasadas do Brasil, o metrô de Salvador, começou a ser feito quando o filme foi interrompido pela primeira vez em 2000, e ficou pronto neste ano.

Em 1995, a população do Brasil era de cerca de 150 milhões de habitantes. Agora, já passa dos 200 milhões. Naquela época, quase ninguém usava Internet, celular, computadores, coisas muito comuns hoje em dia.

Durante o período em que esse filme foi produzido, outro filme sobre Assis Chateaubriand foi lançado: "Chateaubriand – Cabeça de Paraíba", em 2000. Foi escrito, dirigido e produzido por Marcos Manhães Marins, e exibido em quinze festivais e mostras no Brasil e no exterior, na TVE e na TV Cultura, na TV Senado, Canal Brasil, TV O Norte na Paraíba, etc.

Chatô também foi enredo de escola de samba por 2 vezes: No carnaval de 1999, o Acadêmicos do Grande Rio homenageou com o enredo "Ei, ei, ei, Chateau é o nosso rei!", conseguindo um singelo 6.º lugar entre as escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A Inocentes de Belford Roxo também homenageou com o enredo "Chatô – a fanfarra do homem sério mais engraçado do Brasil", terminando em 2.º lugar entre as escolas de samba do Grupo de Acesso B, mas não foi o suficiente para subir para o Grupo de Acesso A.

Para conseguir pagar a dívida, o filme vai ter que fazer muito, mas muito, mas muuuuuuuuuuuiiiiito sucesso. Terá de arrecadar pelo menos 70% do que o filme "Tropa de Elite 2", que mantém o recorde de arrecadação do cinema nacional: R$ 104 milhões; ou 29% a mais que o segundo colocado neste ranking, a comédia "Se Eu Fosse Você 2", que arrecadou R$ 50,5 milhões. Vamos ver se esse filme (quando for lançado) conseguirá fazer tanto sucesso!

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