domingo, 12 de outubro de 2014

No Dia das Crianças, relembramos como era a infância antigamente


Hoje é o Dia das Crianças, o terceiro dia preferido da criançada (perdendo apenas para o aniversário e o Natal). O motivo: os presentes que elas esperam ganhar. Mas enquanto as crianças de hoje sonham com video-games, tablets, DVDs da Galinha Pintadinha e da Peppa, as dos primeiros anos do século passado sonhavam apenas em ter um par de sapatos, uma bola, uma boneca, mais tempo pra brincar... Assim, o Besteiras Bestificantes fuçou na Internet como era a vida de nossos pais, avós, bisavós, tataravós... quando eles eram crianças!

No início do século passado, as crianças eram tratadas como mini-adultos e não tinha essa historinha de que "criança não trabalha, criança dá trabalho". Enquanto as mais ricas viviam no luxo e iam à escola, as mais pobres trabalhavam de segunda à sábado, por cerca de 4 horas, e no resto do tempo iam à escola, ajudavam os pais em casa, e brincavam.
As mais ricas tinham atividades de lazer, praticando esportes como esgrima, liam clássicos da literatura (como os contos de fadas e as aventuras de Tom Sawyer) e tinham brinquedos caros, como carrinho, pião e bola para os meninos e boneca para as meninas. 

Ser criança no início do Século XX não era nada fácil 06


Ser criança no início do Século XX não era nada fácil 01

Já as mais pobres não tinham muitas opções de lazer, muitas delas sequer usavam sapatos (nas regiões mais frias, tinham apenas um sapato para usar durante o ano) e usavam de sua criatividade para se divertir. Naquele tempo, era comum ver crianças fumando (em geral, os jornaleiros que eram viciados e costumavam fumar em frente da porta da sucursal do jornal que distribuíam), mas depois os cigarrinhos foram trocados pela cola de sapateiro. No calor, em vez de degustar sobremesas como sorvete e picolé, ficavam lambendo blocos de gelo.

Ser criança no início do Século XX não era nada fácil 07

Ser criança no início do Século XX não era nada fácil 09

Com a instalação de governos fascistas em países como Alemanha, Portugal, Itália, Espanha e Brasil, o esporte e o físico passaram a ser valorizados, e o ensino da Educação Física nas escolas virou tendência. As crianças e jovens passaram a praticar mais esportes, como vôlei, futebol, corrida, e as competições entre colégios se tornaram comuns.

Os brinquedos e brincadeiras variavam conforme a classe social, mas em geral, as crianças eram bastante criativas e era comum que elas fizessem seus próprios brinquedos, como criar uma bolinha de futebol com meia, bonecos com sabugo de milho, barquinhos e aviões de papel, catavento. Também eram brincadeiras muito comuns pular corda, pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, carrinho de rolimã, fazer (e estourar) bolinhas de sabão, jogar bolinhas de gude, soltar pipa, e correr. As crianças de mil-novecentos-e-antigamente corriam muito. E viviam raladas, sujas, suadas, mas nada que um bom banho não resolvesse.


Outra coisa que elas faziam na maior naturalidade era botar apelidos nas outras. Naquele tempo não se conhecia o termo bullying e todas tinham apelidos. Essa e outras coisas eram motivos de brigas entre essas crianças, mas elas logo faziam as pazes.

Um dos maiores desejos infantis na época eram brincar na chuva (geralmente, quando caíam os primeiros pingos d'água, os pais as mandavam entrar), e as crianças que tinham os brinquedos mais desejados, como bicicleta, eram muito invejadas, e volta e meia tinham que emprestar suas bicicletas para alguma criança mais pobre ou que ainda não tivesse uma.

As crianças de antigamente liam bastante. Como não tinha Internet, frequentavam a biblioteca para fazer trabalhos escolares, e gostavam de ler livros e revistinhas em quadrinhos para passar o tempo. Os autores de sucesso eram Monteiro Lobato (criador dos livros sobre o Sitio do Pica-pau Amarelo), Mark Twain (criador dos personagens Tom Sawyer e Huckleberry Finn), Júlio Verne, Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen (que passaram para o papel várias histórias populares), e os personagens dos quadrinhos mais conhecidos eram Reco-Reco, Bolão e Azeitona de Luiz Sá, A Turma do Pererê e O Menino Maluquinho, do cartunista Ziraldo, Turma da Mônica, de Maurício de Souza, além dos importados Mickey, Donald, Gato Félix, Luluzinha, Super-Homem, Batman, Homem-Aranha, O Fantasma...


Algumas brincadeiras e brinquedos eram divididos pelo gênero. Por exemplo: só meninos podiam brincar de carrinho, futebol, lutas, bolinhas de gude, soltar pipa; enquanto às meninas era permitido brincar de boneca, casinha, comidinha, costura, etc. Alguns brinquedos inventados ao longo dos tempos também não acabaram com esses estereótipos, como a maquininha de lavar pratos, a maquininha de costurar, a batedeira, as pistas para carrinhos de brinquedo, soldadinhos de chumbo, e tais estereótipos perduram até hoje.

Brinquedos modernos, como a Barbie, surgiram nos anos 60. Depois, vieram a Polly, a Susi, e também surgiram bonecos pros garotos, como o Max Steel e os bonecos de super-heróis. Brinquedos educativos também eram comuns, como os que ajudavam as crianças a desenvolver sua coordenação motora, a criatividade, a comer alimentos saudáveis, a se saírem melhor na escola... Nesse ramo, se destacaram o Lego, o Playmobil e os laptops que ajudavam (ou pelo menos tentavam) as crianças a desenvolver diversas atividades. Também fizeram sucesso o cubo mágico (desafio tão difícil que ganhou até competição própria), pega-varetas (como era difícil pegar a tal vareta preta), bichinhos virtuais (que infernizavam a sua vida), molas de plástico (que você jogava pra lá e pra cá), etc.


Os games surgiram nos anos 80, com o Atari sendo o pioneiro. Depois, vieram o Nintendo, os Playstations, com aquelas fitinhas que os jogadores trocavam entre si e usavam até acabar. Os games também tinham a sua versão mini, com vários joguinhos eletrônicos e outros bem simples, que usavam basicamente a água. Os video-games ficaram cada vez mais modernos, e os jogos mais populares, como Super Mario Bros, Futebol, GTA e Need For Speed, ficaram cada vez mais modernos.

As roupas das crianças geralmente imitavam as dos adultos, mas com o tempo, foi surgindo a moda especializada para essa faixa etária. Começou com roupas que permitissem aos guris brincar livremente sem se sentir desconfortáveis. Aí, vieram os artistas de TV e personagens de desenho animado que também ganhavam a sua linha de roupas, sandálias... Até que surgiram aquelas sandalinhas com bichos (quem lembra?), as famosas sandálias com luzes que piscam (e que você batia o pé para que a luz piscasse mais e ficava todo pimpão), os tênis que vinham com rodinhas de patins, sapatos que vinham com relógios... 

E aí, veio a televisão...


A televisão só chegou ao Brasil nos anos 50, e eram as famílias mais ricas que tinham esse aparelho. As mais pobres costumavam ir à casa do amiguinho que tivesse TV para assistir (o famoso tele-vizinho), e assistiam programas como séries de faroeste importadas, Shazan, Xerife e Companhia e Vila Sésamo. A televisão só começou a se popularizar entre os pequenos a partir dos anos 70, com programas como Sítio do Picapau Amarelo, Balão Mágico, Os Trapalhões, etc.

Com tantas crianças querendo ver televisão e ter brinquedos novos, não demorou para que as grandes empresas e os publicitários tivessem a grande ideia de investir em peso no público infantil. Assim, se popularizaram os alimentos voltados para as crianças, como os cereais matinais com brindes, os achocolatados, os salgadinhos, os doces, os chocolates, como estes aqui que marcaram a infância de muita gente.



Os anos 80 tiveram programas infantis que são lembrados até hoje. Os que têm mais de 40 anos certamente se lembrarão do Palhaço Bozo, da Vovó Mafalda, dos grupos musicais infantis, como Balão Mágico e Trem da Alegria, mas esse período foi marcado pelo fenômeno chamado Xuxa, aquela que se tornou a Rainha dos Baixinhos. A modelo de origem pobre ficou conhecida ao namorar Pelé e explodiu ao apresentar seu programa, Xou da Xuxa, no qual saía numa nave cor-de-rosa. Com o sucesso, Xu estrelou filmes, gravou LPs, CDs, DVDs (como a série Xuxa Só Para Baixinhos) e faturou horrores. Os personagens, como o Dengue, Praga, e Xuxo fizeram muito sucesso, mas as paquitas marcaram época. Seu estilo e suas dancinhas foram imitados por muitas garotas, que sonhavam em fazer parte daquele grupo e conhecer a Xuxa.


Depois dela, as loiras invadiram as manhãs com seus programas infantis. As mais famosas eram Angélica (que apresentou o AngelMix, Caça-Talentos, Flora Encantada), Eliana (que apresentou Festolândia, Bom Dia & Cia, e muitos outros programas), Mara Maravilha (que nem era loira, mas fez muito sucesso), Mariane, etc. Esse formato (mulher bonita, preferencialmente loira, apresentando programa pra criança) perdurou até meados dos anos 2000, quando outra tendência surgiu. Mas ainda nos anos 90, outro programa de muito sucesso surgiu, e que não pode ser esquecido: é o TV Colosso, apresentado por adultos fantasiados de cachorros, como a cachorra apresentadora Priscila, o faz-tudo Gilmar, o diretor Borges, e muitos outros personagens célebres. 

E o que mais passava nesses programas? Desenhos animados! Os primeiros tinham clássicos, como Tom e Jerry, Pica Pau, Pernalonga, Patolino, Mickey, Popeye, Corrida Maluca, Speed Racer, Johnny Quest, Flinstones, etc. Depois, foram surgindo novos, como Caverna do Dragão, He-Man, She-Ra, Scooby-Doo, Família Addams, Doug, Ei Arnold, Sonic, Timão e Pumba, O Fantástico Mundo de Bobby, Luluzinha, Turma da Mônica, Bob Esponja, além dos japoneses Dragon Ball, Pokemon, Digimon, Cavaleiros do Zodíaco, Naruto, etc. Aliás, os desenhos da dupla Hanna-Barbera tinham um programa só deles na Rede Globo entre os anos de 1973 e 1983. Séries, como Jeannie é Um Gênio, A Feiticeira, Jiraya, Jaspion, Família Dinossauros, Power-Rangers, entre outros, também faziam muito sucesso. Os seriados mexicanos Chaves e Chapolin chegaram ao Brasil em 1984, no SBT, e viraram sucesso, sendo lembrados e queridos até hoje. A Tv Cultura ficou célebre por produzir séries, como Mundo da Lua, Castelo Rá-Tim-Bum, e o programa X-Tudo, que também são muito queridos.

Os filmes sempre fizeram muito sucesso entre as crianças. Os filmes dos Trapalhões e da Xuxa eram muito famosos e atraíam milhões de crianças para os cinemas. Filmes de super-heróis, como Super-Homem, Batman, Homem-Aranha, Zorro, Robin Hood, baseados em programas e desenhos antigos, como Os Batutinhas, Gasparzinho, Riquinho, nos contos de fadas, como Branca de Neve, Cinderela, O Mágico de Oz, e os desenhos da Disney-Pixar, como Toy Story, Vida de Inseto, O Rei Leão, e muitos outros. Até mesmo os brinquedos Barbie, Max Steel e Lego ganharam filmes. Outros filmes de muito sucesso, como Shrek, Harry Potter, Esqueceram de Mim, Madagascar, marcaram época nos cinemas e na Sessão da Tarde.

Outro programa que os pirralhos também curtem é a telenovela. O SBT exibiu diversas novelas infantis mexicanas de muito sucesso, como O Diário de Daniela, Cúmplices de Um Resgate, Rebelde, Carrossel e Chiquititas, sendo que as três últimas ganharam remakes brasileiros. A Globo também fez novelas que se tornaram queridas pelos pequenos, como Vamp, Da Cor do Pecado, Chocolate com Pimenta, O Beijo do Vampiro, Cheias de Charme, entre muitas outras.

Atualmente...


As crianças ficam mais tempo em suas casas, jogando video-game em seus PCs/notebooks/tablets, e quando brincam fora de casa, o fazem nos playgrounds de seus condomínios. Elas têm muitas atividades, como aulas de balé, judô, futebol, natação, inglês, francês, e são bastante vaidosas, se preocupam com a moda e até usam maquiagem. Elas também têm muitos brinquedos, e quando se cansam deles, muitas insistem para que seus pais comprem novos, principalmente se apareceram na televisão ou se o coleguinha já comprou o seu e o exibiu na escola. Algumas se preocupam mais em imitar os adolescentes do que viver sua fase, e até namoram. Mas, o trabalho infantil é cada vez mais raro, a maioria das crianças está na escola, porém algumas ainda trabalham, ajudando os pais, ou sendo exploradas, e os cigarrinhos dos jornaleiros foram trocados por pedrinhas de crack.
As apresentadoras loiras gatas foram substituídas por crianças, que apresentam programas infantis até hoje. Uma das primeiras crianças a apresentar programas infantis foi Debby Larganha, no extinto Clube da Criança. Muitas já apresentaram o TV Globinho e o Bom Dia & Cia (Jéssica, Cauê, Yudi, Priscila), mas quem mais se destacou foi a menina Maísa, que com apenas 5 anos de idade, foi escalada para comandar o Bom Dia & Cia, depois o Sábado Animado, além de participar do Programa Sílvio Santos num quadro de perguntas e respostas. 
Hoje, quase não temos programas infantis. Na Globo, os desenhos diários foram substituídos pela Fátima Bernardes, restando apenas os que passam no sábado (quando não são interrompidos por jogos ou programas locais). Na Record, ainda resta o Pica-Pau aos sábados e domingos, a série Todo Mundo Odeia o Chris, e os desenhos bíblicos, e o SBT é um dos únicos que ainda exibe programação infantil diariamente pela manhã, com o seu Bom Dia & Cia apresentado pelo Mateus Ueta, sem contar o cult Chaves, e suas séries Arnold, Três é Demais, Um Maluco No Pedaço, As Visões de Raven, e muitas outras, que são verdadeiros tapa-buracos na programação. A Band tem exibido séries da Nickelodeon, como iCarly, Kenan e Kel, Drake e Josh, Big Time Rush, etc. Mas são as emissoras públicas as que mais exibem programas infantis, como a TV Cultura, que reprisa suas famosas séries e exibe o seu programa infantil Quintal da Cultura, e a TV Brasil, que exibe desenhos de manhã e à tarde, e muitos deles são nacionais.
Além da Galinha Pintadinha e da Peppa, os palhaços Patati e Patatá também são muito famosos entre a garotada, que se diverte ouvindo suas músicas e obriga seus pais a comprar os novos DVDs que são lançados. E serão esses programas e personagens que serão lembrados com muita saudade pelas crianças de hoje, quando crescerem. E é para elas (e para quem ainda conserva sua criança interior) que desejamos um Feliz Dia Das Crianças!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário