Ontem foi o último jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, e para variar, fomos humilhados novamente: 3 a 0 pra Holanda, que ficou com o 3º lugar. Que o Brasil não jogou nada, todo mundo já sabe, Felipão e Parreira já estão de saída e pouquíssimos jogadores desse grupo serão reaproveitados em 2018, mas nós não vamos falar disso agora. Vamos fazer uma pequena retrospectiva narrando os acontecimentos que marcaram a participação da Seleção na segunda copa que faz em casa.
Leia Também!
7 de maio - A Convocação
Diferente de 2002, quando o Brasil inteiro infernizava a vida de Felipão para que ele convocasse Romário, o clima era de maior tranquilidade e tanto a imprensa quanto o povo concordava em manter boa parte daquele time que foi campeão da Copa das Confederações do ano passado. Porém, houve uma surpresa: o zagueiro Henrique, que joga no Napoli da Itália, entrou na lista dos 23, em vez de Miranda, que vinha numa boa fase pelo Atlético de Madrid e acabou ficando entre os outros sete que poderiam ser chamados em caso de corte de um dos jogadores. Hoje, o povo se pergunta: será que ele fez falta?
12 de junho - Estreia: Brasil 3 x 1 Croácia
Depois daquela desgraceira que foi o show de abertura da copa, veio o principal: o jogo da Seleção contra a equipe croata, que não é lá muito tradicional no futebol mas também não é das piores. Logo no comecinho do jogo, aconteceu um fato histórico: saiu o primeiro gol da copa. E foi... contra! Marcelo, que joga pelo Real Madrid, foi o autor da façanha. Depois desse mico, finalmente saiu o primeiro gol da Seleção Brasileira, marcado por Neymar. Até que veio um dos lances mais polêmicos da Copa: Fred desabou após ser tocado no ombro por um jogador croata e o árbitro japonês Yuichi Nishimura deu pênalti. Neymar foi lá e converteu, depois Oscar fez outro, mas só se falou no pênalti que não houve. Felipão, Fred e a Fifa se defenderam dizendo que foi pênalti sim, e que nenhum tipo de toque na grande área seria tolerado. Um comentarista da Globo alertou que os árbitros escalados para apitar os próximos jogos poderiam não ser tão bonzinhos assim como o japonês. Será que ele tinha razão?
17 de junho - 2º jogo: Brasil 0 x 0 México
A empolgação com a Seleção Brasileira continuava, até que veio o México e esfriou um pouco as coisas. O empate não persistiu por falta de tentativas dos nossos jogadores. Tudo culpa do goleiro Guillermo Ochoa, que foi o destaque da partida e pegou tudo quanto foi bola chutada por Neymar e companhia. Os mexicanos também não conseguiram grande coisa na partida, mas Júlio Cesar certamente teve muito menos trabalho que o goleiro mexicano.
23 de junho - 3º jogo: Brasil 4 x 1 Camarões
Era para ser um jogo fácil. Camarões não tinha mais nenhuma chance de se classificar e o Brasil estava em 1º no grupo, com os mesmos 4 pontos do México, mas com um saldo de gols maior. Porém, Camarões, cujos jogadores ameaçaram não embarcar para o Brasil se a Federação deles não os pagassem, juraram dar o sangue nessa partida para se despedir com honra da Copa do Mundo. Os camaroneses fizeram um jogo duro e um deles deu uma entrada duríssima no Neymar que quase o fez bater com a cabeça nas placas de propaganda. Mas o craque do time, que exibia um visual novo, praticamente comandou a partida. Fez o primeiro gol, mas o Brasil deixou a equipe adversária gostar do jogo e o camaronês Joël Matip deixou o dele, que empatou a partida naquele momento, mas Neymar fez outro e virou a partida a nosso favor. Depois Fred fez o dele (seu único gol na Copa) e Fernandinho marcou o último, que garantiu a classificação do Brasil para as oitavas contra o Chile.
28 de junho - Oitavas de final: Brasil 1 x 1 Chile (pênaltis: Brasil 3 x 2 Chile)
Todos já sabiam que seria uma partida complicada, mas não previram o quanto foi sofrida, chorada e suada a classificação brasileira. O Brasil marcou o seu, gol de David Luiz de escanteio, mas num erro de Hulk, que devolveu mal um lateral cobrado por Marcelo, fez com que a bola sobrasse limpa para Alexis, que deu um chute cruzado, preciso, rasteiro, sem chances para Julio Cesar: 1 a 1. Mas o goleiro mais criticado e desacreditado das copas logo iria mostrar o seu valor. O empate prosseguiu, mesmo com Hulk marcando um gol, válido, contudo anulado pelo juiz Howard Webb, que provocou a ira de quase toda a nação ao dizer que o jogador ajeitou a bola com o braço. Mas esse lance até agora gera polêmicas e muitos concordaram com o árbitro inglês. Fred, que só jogou bem no jogo contra Camarões, já era criticado pela torcida brasileira, que o comparava a um cone e dizia que o centroavante só estava fazendo figuração. Felipão o trocou por Jô e a substituição não fez diferença nenhuma. E o jogo foi pra prorrogação, com os jogadores brasileiros desabando, um a um, como frutas maduras. Mas mesmo cansados física e psicologicamente, os brasileiros conseguiram entrar em campo, principalmente Hulk, que era o único que fazia alguma coisa. Mas os chilenos, mesmo cansados, tiveram a chance de decidir a partida desperdiçada no último minuto: Pinilla mandou uma bomba que explodiu na trave e o jogo foi para os pênaltis. Seria a sorte de campeão? Talvez sim, naquele jogo. Thiago Silva, como um capitão com senso de liderança e força moral, desabou em lágrimas, começou a chorar e disse que não queria bater pênaltis. Julio Cesar chorou e foi consolado pelos companheiros. David Luiz e Paulinho davam forças para a equipe. E o goleirão tranquilizou a equipe: "Vou pegar uns três". David Luiz converteu o primeiro, Julio Cesar defendeu o chute de Pinilla, Willian chutou para fora, Julio César pegou outro, Marcelo converteu o segundo da Seleção, Aranguiz fez o primeiro dos chilenos, Bravo tirou com o pé a cobrança de Hulk e Neymar fez o último da série para o Brasil. Sobrou para Jara, que se fizesse, empataria tudo e iniciaria uma nova série de cobranças, mas a trave mais uma vez salvou o dia. E o Mineirão ficou em festa.
4 de julho - Quartas de final: Brasil 2 x 1 Colômbia
E o Brasil chegou mais uma vez às quartas de final. Nas duas últimas copas, a Seleção tinha saído justamente nessa fase, com a França de Zidane e Henry em 2006 e a Holanda de Sneijder em 2010. Mas com a Colômbia seria tudo diferente. A equipe não se afobaria nem se emocionaria demais como no outro jogo e Neymar se sairia melhor no duelo pela artilharia com James Rodriguez. A Colômbia estava fazendo uma excelente copa do mundo, tendo vencido todos os seus jogos, mas nesse jogo não começou tão bem assim, e Thiago Silva abriu o placar para os brasileiros. Numa cobrança de falta, David Luiz deixou o segundo e a classificação parecia certa, mas um pênalti cometido por Julio Cesar quase colocou tudo a perder. James Rodriguez deixou o dele, se isolou na artilharia, mas não conseguiu classificar sua equipe. A Colômbia lutou, lutou, e até mandou uma bola na trave na prorrogação, mas não teve jeito. Porém, o fato mais lembrado desse jogo foi a lesão de Neymar, que levou uma joelhada criminosa por trás de Zúñiga e não conseguiu se levantar, tendo que sair de maca e sendo substituído por Henrique. O juiz Carlos Velasco não puniu o colombiano, e a estrela da Seleção Brasileira deu adeus à Copa do Mundo. Outro que desfalcou a Seleção, pelo menos no jogo contra a Alemanha, foi Thiago Silva, que tomou o segundo amarelo ao passar na frente do goleiro Ospina enquanto ele cobrava rapidamente o seu tiro de meta. E foi depois desse jogo que o sonho do hexa começou a desandar.
8 de julho - Semi-final: Brasil 1 x 7 Alemanha
O Brasil, até esse jogo, só tinha sofrido 4 gols e tinha a melhor defesa do campeonato, com David Luiz liderando a lista de Melhor jogador da copa. Mesmo com as ausências de Neymar e de Thiago Silva, os brasileiros acreditavam numa vitória contra a Alemanha. Porém, passaram a desacreditar logo nos primeiros minutos, quando Thomas Müller marcou o primeiro. Esperava-se que o Brasil reagisse, mas nos minutos seguintes ocorreu o que Felipão chamou de "apagão dos seis minutos": Klose fez o segundo, passando Ronaldo e se tornando o maior artilheiro das copas, Toni Kroos marcou mais dois em pouco mais de um minuto e depois, Samir Khedira marcou outro, fazendo com que o primeiro tempo terminasse com o espantoso 5 a 0 pros alemães, com a torcida brasileira aproveitando o intervalo pra se mandar. Aí veio o segundo tempo e o Brasil tentou reagir, mas todas as tentativas ou foram para fora, ou morreram nas mãos de Neuer. Até que Klose saiu, dando lugar ao jovem André Schürrle que fez mais dois. E no finalzinho, Oscar fez o gol de honra da seleção pentacampeã. O jogo entrou para a história como Mineiraço, devido à péssima atuação dos brasileiros e à excelente atuação dos alemães. Apesar de tudo, os alemães foram até aplaudidos pelos que se dispuseram a ficar. Alguns jogadores pediram desculpas, outros reclamaram da torcida, e Felipão disse que foi o pior dia da vida dele, se responsabilizando pelo fiasco que ficou conhecido como Mineiraço. E a imprensa finalmente perdoou Barbosa e toda a Seleção de 1950.
12 de julho - Disputa pelo 3º lugar: Brasil 0 x 3 Holanda
Apesar da goleada, a CBF ainda se mostrava disposta a manter Felipão no cargo, pelo menos até o final do ano, se o Brasil vencesse a partida contra a Holanda. E mesmo com os brasileiros sensatos temendo uma nova goleada, muitos ainda acreditavam que o Brasil poderia conquistar o terceiro lugar. Contudo, a Holanda de Robben e van Persie logo fez os otimistas mudarem de ideia. Logo nos primeiros minutos, o juiz deu pênalti e Van Persie converteu, abrindo o placar. O segundo gol holandês foi ilegal, pois De Guzmán estava impedido quando fez o cruzamento que David Luiz tirou com a cabeça, mas Blind dominou e marcou no rebote. O Brasil até se saiu melhor do que no jogo contra a Alemanha, mas não foi bem o suficiente para marcar um golzinho sequer. E a torcida, que tentava apoiar o time, se cansou e começou a vaiar os jogadores brasileiros, gritando "olé" quando a Holanda tocava na bola. E foi nessa que os holandeses marcaram o terceiro, humilhando novamente a Seleção brasileira e ficando merecidamente com o terceiro lugar.
Resumo da ópera...
O Brasil ficou em quarto lugar, com 11 pontos em 7 jogos, 3 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. Fez 11 gols e sofreu 14 (dez deles só nas últimas partidas), ficando com saldo de -3. Se fosse só pela pontuação, o Brasil ficaria em 6º, atrás da Colômbia e da Bélgica, que conseguiram 12 pontos em 5 jogos. Julio Cesar se tornou o jogador mais vazado da copa e da história da Seleção nas copas, com 14 gols sofridos, e Fred foi considerado pela torcida brasileira como o pior centroavante da história do Brasil em Copas do Mundo, segundo pesquisa do Datafolha.
Horrível, não? Porém, o que todos desejam é que a CBF aprenda a lição e dê uma boa reformulada no futebol brasileiro, com a parceria dos clubes. A campanha para 2018 já começou, e a esperança é que o Brasil não resolva ficar pela primeira vez de fora de uma copa do mundo. #RumoAoHexa2018!
Nenhum comentário:
Postar um comentário